Tuatara

Sphenodon punctatus

Os tuataras têm grande importância para os biólogos de todo o mundo pois são os únicos sobreviventes da ordem Rhyncocephalia, uma antiga ordem de répteis de tipo lagarto. Actualmente são reconhecidas duas espécies, ambas restritas à Nova Zelândia e alguns ilhéus ao largo das ilhas principais.

Entre as numerosas características invulgares destes répteis podemos referir a dentição de fila dupla na mandíbula superior (formando um sulco onde os dentes da mandíbula inferior encaixam), uma tolerância excepcional às baixas temperaturas, baixa taxa reprodutora e grande longevidade.

Os rincocéfalos (répteis com cabeça em bico), também conhecidos por sfenodontes, surgiram no Mesozóico há cerca de 220 M.a., juntamente com os primeiro dinossauros. Foram encontrados fósseis em todo o mundo, incluindo Europa, África, Madagáscar e América do Sul. Nessa época foram abundantes, tendo-se diversificado em 24 géneros, mas quase todos se extinguiram há cerca de 100 M.a., muito antes do desaparecimento dos dinossauros. De alguma forma, a linhagem que originou os tuataras sobreviveu na parte da Gondwana que se tornou a Nova Zelândia.

Os rincocéfalos são um grupo irmão dos Squamata (lagartos e cobras), partilhando com estes muitas características, incluindo a anatomia caudal e uma fenda cloacal transversal. 

Por outro lado, distinguem-se deles principalmente pelos dentes: os tuataras e seus extintos parentes têm duas filas de dentes na mandíbula superior e uma espécie de bico formado pelos incisivos superiores salientes. Os dentes são fundidos à mandíbula e não implantados em alvéolos, com uma orla serrilhada que se desgasta com o tempo.

A mandíbula superior está rigidamente ligada ao crânio, ao contrário das ligações móveis dos Squamata. Apresentam costelas abdominais e os machos apenas têm um órgão copulatório rudimentar. 

São répteis que vivem nas florestas costeiras da Nova Zelândia, que os adultos percorrem de noite, em busca de alimentos (pequenos invertebrados, embora possa devorar ovos e crias de aves marinhas, anfíbios e mesmo jovens tuataras). Caçam as presas principalmente seguindo a visão, mesmo com níveis de luminosidade muito baixos (mas não escuridão total). A sua temperatura corporal varia entre os 7-17ºC.

Embora essencialmente nocturnos, saem das suas tocas durante o dia para se aquecer ao sol, altura em que a sua temperatura corporal pode atingir, brevemente, os 24-27ªC. 

Como muitos lagartos, têm um olho pineal bem desenvolvido, apresentando estruturas de um olho verdadeiro (córnea, retina e ligações nervosas ao cérebro). Poucos estudos foram realizados quanto à sua verdadeira função, mas pensa-se que seja semelhante ao dos lagartos, sensível à luz mas incapaz de formar imagens. Assim, terá uma função relacionada com o controlo da temperatura e da exposição ao sol.

Os tuataras vivem em climas frios e têm uma taxa metabólica baixa, factores que podem ajudar a explicar o seu desenvolvimento lento e grande longevidade. As fêmeas apenas de reproduzem a cada 2-5 anos e os períodos de formação do vitelo do ovo (1-3 anos), casca do ovo (7 meses) e incubação (11-15 meses) são dos maiores conhecidos para qualquer réptil.

Durante o acasalamento os machos são territoriais e fazem demonstrações, eriçando a crista dorsal. Após o acasalamento, as fêmeas escavam túneis com cerca de 20 cm de profundidade, onde colocam os ovos, que não têm nenhum outro tipo de cuidado parental.

As temperaturas de incubação determinam o sexos dos jovens: temperaturas elevadas originam machos e temperaturas mais baixas originam fêmeas. Os jovens emergem do ovo com cerca de 55 mm, sendo inicialmente diurnos. Atingem a maturidade sexual aos 12-13 anos e continuam a crescer durante 25-30 anos. Podem atingir os 60 anos de idade, sempre reproduzindo-se, mas não é verdade que possam viver mais de 200 anos, como diz a lenda local.

Os tuataras são muitas vezes considerados fósseis vivos mas estudos genéticos revelaram que estes animais não são idênticos aos seus parentes do Mesozóico, nem mal adaptados ao seu habitat actual.TOPO

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