Criação de animais

Cada vez mais os animais de criação são produzidos em verdadeiras "fábricas", onde passam privações de que poucos de nós nos apercebemos. No entanto, já são conhecidas alternativas, que são tanto "humanas" como práticas. 

Estas "fábricas" de animais, não só deixam na miséria os donos de pequenas pecuárias, como são uma verdadeira ameaça à saúde pública pois poluem o ar e a água. 

A criação intensiva de animais obriga a que estes sejam mantidos em condições pouco naturais, pois a concentração de animais em espaços muito reduzidos é necessária para a obtenção máxima de lucros. Este tipo de agricultura é também uma importante fonte de poluição, superprodução de alimentos, entre outros problemas. 

O sofrimento animal é devido ao espaço reduzido e à alimentação pouco natural (por vezes forçada, como nos gansos e patos para a produção de pasta de fígado ou o prolongamento da alimentação à base de leite nos bezerros), que é um risco para a saúde animal e humana, devido ao uso excessivo de antibióticos e hormonas ou à acumulação de substâncias (encefalopatia espongiforme bovina (mais conhecida por doença das vacas loucas), dioxinas, etc.).

Entre os anos 40 e 70 do século XX a industria alimentar sofreu uma mudança radical: forçadas pelas grandes companhias agrícolas e químicas, as escolas agrícolas começaram a marcar o passo pelo volume da produção e não pela qualidade, como até aí. 

O sistema sustentável de uma diversidade de produções animais e vegetais foi abandonado em favor das monoculturas. Esta alteração não se deveu à necessidade de alimentar o mundo mas sim com a concentração da produção de alimentos e dos seus lucros, que passou a estar nas mãos de algumas (poucas) multinacionais. Actualmente não se criam mais porcos ou galinhas do que no passado, apenas os métodos de criação mudaram.                                                                                                                                                            TOPO

Aves de capoeira e produção de ovos

A criação de aves de capoeira foi a primeira a converter-se totalmente ao sistema industrial. Actualmente quase que não existem produtores independentes, sendo todos parte ou sob contrato de grandes companhias agro-pecuárias. 

As galinhas poedeiras são mantidas em gaiolas com cerca de 20x20 cm, onde não podem sequer esticar as patas e as asas. Neste pequeno espaço, estão sempre em contacto com as grades, sofrendo perda de penas e lesões constantes. 

Para reduzir os ferimentos por bicadas, um comportamento aberrante levado ao limite nestas condições, em que as galinhas aborrecidas e frustradas se tornam agressivas, parte dos bicos é cortada, num procedimento doloroso pois corta-se através de osso, cartilagem e tecidos moles. 

Estas galinhas põem mais de 250 ovos por ano, logo os seus corpos ficam fracos e morrem frequentemente com ovos entalados ou por problemas de fígado, devidos ao esforço desenvolvido para produzir gordura e proteínas para os ovos. A osteoporose é frequente pois perdem muito cálcio para a produção da casca dos ovos. 

Após um ano de produção de ovos, as galinhas são consideradas "gastas" e são abatidas. Os seus esqueletos fragilizados partem durante o transporte e no matadouro, pelo que acabam em derivados de galinha, onde os seus corpos são desfeitos de modo a esconder as nódoas negras dos consumidores. Muitas são incluídas em rações para outros animais de criação. 

Por cada galinha numa gaiola de postura, existiu um pinto macho que foi morto no chocadeira. As galinhas poedeiras foram seleccionadas para pôr o máximo de ovos, logo não crescem tão rapidamente como os frangos para consumo, logo os pintos macho não têm valor económico e são deitados fora no dia em que nascem, da forma mais barata possível, frequentemente postos no caixote do lixo, onde sufocam ou são esmagados e picados por máquinas de tratamento de lixo. 

Os frangos e perus para consumo de carne são criados em aviários contendo até 22000 aves, demorando apenas 6 a 8 semanas desde que chocam até ao abate pois as luzes não são apagadas, levando os animais a alimentar-se 24 horas por dia. Os ovos são chocados em "gavetas" especiais, com dezenas de aves.

Logo após nascerem, os bicos dos frangos e perus são cortados (nos perus também as pontas dos dedos das patas) sem anestesia, para evitar ferimentos quando as aves em stress lutam entre si. 

Os frangos para consumo são geneticamente modificados para crescer duas vezes mais rápido e atingir o dobro do tamanho que os seus parentes selvagens. Levados ao seu limite biológico, milhões de aves morrem todos os anos antes do abate pois o crescimento é de tal forma rápido que o coração e pulmões não estão suficientemente desenvolvidos para suportar o corpo. 

Tal como os frangos, também os perus sofrem de sérios problemas físicos devidos a manipulação genética. Para além de crescerem mais rapidamente e atingirem maior tamanho, os perus foram manipulados para ter peitos maiores pois essa é a zona mais vendável da ave. Por esse motivo, não se podem reproduzir naturalmente, logo têm que ser inseminados artificialmente. Sofrem também de problemas de coração e deformações físicas.

As galinhas e os perus são levados para o matadouro em caixas abertas, sofrendo frequentemente ferimentos. No matadouro são penduradas pelas patas e, por vezes, mergulhadas num banho electrificado para as atordoar e acelerar a matança. As suas gargantas são cortadas, geralmente por uma lâmina mecânica, e mergulhadas em água a ferver para serem depenadas. Aquelas que não estavam bem atordoadas e/ou não foram mortas pela lâmina, são, portanto, escaldadas vivas. 

No calor do Verão, os aviários superlotados levam a uma mortandade maciça de aves. A atenção dos órgãos de comunicação social vai geralmente para as elevadas perdas monetárias, não para as mortes miseráveis de milhões de criaturas vivas. 

As aves sofrem também devido aos azares dos seus donos e criadores. No Missouri, uma criação foi à falência e o seu dono abandonou 12000 galinhas poedeiras para morrer à fome. Dois anos depois, os esqueletos de milhares de galinhas ainda permaneciam no interior das suas minúsculas gaiolas, nos vestígios cheios de ervas daninhas do aviário. Uma história digna de Stephen King, mas que resume bem o modo de pensar e agir da indústria produtora de aves de capoeira e ovos.                                                                                               TOPO

Porcos

Quando leitões, os porcos criados para consumo são sujeitos a mutilações sem anestesia, nomeadamente o corte da cauda. Este procedimento decorre do comportamento aberrante de morder a cauda, uma consequência da manutenção de animais extremamente inteligentes em condições de privação total. 

Com cerca de 2 ou 3 semanas de idade já 15 % dos leitões morreram, sendo os sobreviventes afastados das mães e levados para currais de barras metálicas e chão de cimento. Nestas instalações chegam a estar mais de 1000 animais amontoados nas suas pequenas divisórias. 

O ar nestas criações está carregado de pó e gases venenosos, resultado das fezes e urina acumulada. Mais de 60% dos trabalhadores das suiniculturas sofre de problemas respiratórios devido à inalação destes gases de amónia e sulfureto de hidrogénio. Para os porcos, os problemas respiratórios são ainda mais graves. 

As porcas são tratadas como verdadeiras máquinas de produzir leitões: vivem num ciclo permanente de fertilização e nascimento, tendo mais de 20 leitões por ano. Após a fecundação, as porcas são mantidas em compartimentos com 20 cm de largura, que as impede de se virar ou mesmo deitar confortavelmente. 

No final da gravidez de 4 meses são transferidas para outros compartimentos igualmente reduzidos para dar à luz. Sofrem frequentemente lesões porque não têm qualquer protecção no solo, considerada cara de mais para ser utilizada. Quando uma porca já não é considerada reprodutiva é abatida. 

Após a engorda, os porcos são transportados para o matadouro, novamente em camiões abertos e carregados em excesso, causando sofrimento e morte a muitos animais. 

Antes de serem pendurados pelas patas e sangrados até à morte, é suposto os porcos serem atordoados e postos inconscientes, de acordo com o abate "humano". No entanto, o atordoamento é muito impreciso, pelo que é frequente os animais estarem conscientes e a espernear quando pendurados e um trabalhador do matadouro está a tentar espetar-lhes a faca no pescoço. Se o trabalhador não o conseguir, o animal é levado para o tanque de escaldamento e mergulhado em água a ferver, vivo e consciente.                                                                     TOPO

Produção de leite

As vacas têm que dar à luz para iniciar a produção de leite, pelo que são forçadas a ter uma cria todos os anos. As vacas têm um período de gestação de 9 meses, logo dar à luz a cada 12 meses é muito debilitante. As vacas são inseminadas artificialmente quando ainda lactantes, logo produzem leite durante 7 dos 9 meses de gravidez. 

Com a manipulação genética e a produção intensiva, as vacas leiteiras actuais são capazes de produzir 100 litros de leite por dia, 10 vezes mais do que seria natural, causando-lhes problemas de saúde. 

Mais de metade das vacas leiteiras sofre de mastite, uma infecção bacteriana dos úberes, mas outras doenças são frequentes, como leucemia bovina, imunodeficiência bovina, doença de Johne (semelhante à variante humana, designada doença de Crohn), entre outras. 

Uma vaca que se alimente de erva nunca poderia produzir a quantidade de leite esperada actualmente, logo as vacas leiteiras são alimentadas com rações especiais. A dieta anormalmente rica causa, por sua vez, distúrbios metabólicos que podem causar a morte. 

Num ambiente saudável, as vacas viveriam até 25 anos, mas nas produções leiteiras são abatidas e transformadas em carne picada ao fim de 3 ou 4 anos. O abuso a que são sujeitos os seus corpos torna a industria leiteira a principal fornecedora de animais "caídos", ou seja, tão doentes ou feridos que nem conseguem permanecer de pé. 

Apesar de todos estes problemas de saúde dos animais, a industria leiteira continua a procurar o maior lucro: a hormona bovina do crescimento é uma hormona sintética que está a ser injectada nos animais para que produzam mais leite. Além de acentuar os problemas já existentes, esta hormona provoca defeitos nos embriões. 

Os vitelos nascidos de vacas leiteiras são separados das mães imediatamente após o parto. A metade que nasce fêmea é criada para substituir as vacas mais velhas, enquanto os machos são criados para abate e consumo da carne. 

A industria produtora de carne de vitela surgiu como um subproduto da industria leiteira, para tirar partido da abundância de vitelos não desejados. Os vitelos vivem, em geral, 18 a 20 semanas em caixotes de madeira, tão pequenos que não se podem voltar ou deitar confortavelmente. São alimentados com um substituto do leite, pobre em ferro e fibras, criado para tornar os animais anémicos e a sua carne clara.                                                                                                                                                                                                TOPO

Gado para carne

A maioria do gado bovino criado para abate nasce e vive em campo aberto, alimentando-se e cuidando de si próprio durante meses ou anos. Frequentemente não são devidamente protegidos contra as condições climatéricas extremas, podendo morrer de desidratação ou de frio. Animais feridos ou doentes não recebem atenção veterinária. Uma das doenças mais frequentes é o chamado "cancro do olho", que, se não tratado a tempo, destrói o olho e a face do animal, produzindo uma cratera no lado da cabeça. 

Acostumados a viver sozinhos, estes animais ficam assustados e confusos quando são recolhidos para o abate. Os animais aterrorizados são frequentemente feridos, muitas vezes com tal gravidade que não podem andar ou permanecer de pé. 

Ainda hoje o gado é reconhecido da mesma forma que no início da pecuária: são marcados com ferros em brasa. Não é necessário referir que esta prática é extremamente traumática e dolorosa. Em grandes ranchos de gado faz-se também outro tipo de marca, ainda mais dolorosa: corta-se, a sangue-frio, de formas diversas as pregas que pendem sob o pescoço do animal, de forma a que o dono possa identificar o seu gado à distância. 

Os últimos meses das suas vidas são frequentemente passados em locais de engorda, amontoados às centenas ou milhares em instalações cheias de pó e excrementos. o ar está carregado de partículas e bactérias, pelo que correm o risco permanente de doenças respiratórias.

As rações têm quase sempre hormonas de crescimento e são excessivamente ricas, de modo a que engordem mais rapidamente e atinjam maior peso. Dado que são animais que têm, naturalmente, uma dieta rica em fibras, estas rações causam problemas metabólicos.

O gado é transportado várias vezes ao longo da sua vida, em viagens que podem ser longas e cheias de stress, em camiões com poucas condições.

Um matadouro grande abate até 250 cabeças de gado por hora, pelo que esta velocidade não se compadece com o tratamento humano dos animais.

Antes de serem pendurados pelas patas traseiras e sangrados até à morte, os animais devem estar inconscientes, o que se obtém por aplicação de uma pancada na cabeça. É claro que este método é pouco preciso e muitos animais são pendurados conscientes e a lutar, enquanto um empregado tenta novamente aplicar-lhes outra pancada.

Eventualmente os animais são cortados na garganta com uma faca e sangrados, estejam ou não inconscientes. Relatos de funcionários de matadouros referem que os animais sobrevivem muitas vezes para além do sangramento, passando à fase seguinte do processamento produzindo sons e movendo os olhos. Alguns sobrevivem mesmo até à altura de serem esfolados, esventrados e cortados, morrendo então, pedaço a pedaço.                                                                                                                                                                               TOPO

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